domingo, 10 de julho de 2011

UM SONHADOR QUE COLECIONAVA DERROTAS(PARTE 2)

O mecanismo é o seguinte: o fracasso é lido continuamente,gerando reações emocionais dolorosas e idéias negativas que obstruem a liberdade de pensar,de fazer novos planos,de acreditar no próprio potencial.A derrota não supera esmaga os sonhos e dilacera a coragem.
Você já enfrentou a dor de uma derrota¿ A.L, viveu-a e ficou abalado,mas não se submeteu ao controle dela.Assumiu-a ,enfrentou-a e enxergou –a por outros ângulos.Seu enfrentamento impediu que o fenômeno RAM gerasse um conflito,uma área doentia da memória,uma janela de tensão.
Ele levantou a cabeça e voltou a sonhar .Saltou do mundo dos negócios para o mundo da política.Mas era ingênuo ,não conhecia os enigmas desse terreno.Candidatou-se a um cargo.Estava muito animado,queria ser um político diferente.Teve muitas inspirações .
Sentia que poderia ser um grande homem.O resultado das urnas¿
FOI DERROTADO!
“Não é possível!”,exclama .”O que fiz errrado¿” Muitas perguntas,Muitas respostas,mas nenhuma apaziguava a sua emoção.A razão tenta se preparar para as derrotas,mas a emoção nunca se submete a elas.
No dia seguinte ,o “eu” do jovem,que representa sua capacidade de decidir,controlar seu mundo,ser consciente de si mesmo,estava abatido,Não tinha ânimo para conversar com ninguém.
Olhar os vencedores desse pleito detonava um fenômeno inconsciente que atua em milésimos de segundo,chamado gatilho da memória ou fenômeno da auto checagem.
Esse gatilho abria uma janela da memória que continha a experiência do fracasso nas urnas e, desse modo,checava a sua condição de derrotado.A conseqüência¿
Um mecanismo súbito de ansiedade desenhava-se no cerne da sua mente.Pensamentos e emoções angustiantes avolumava –se,gerando nó na garganta,boca seca,taquicardia,parecia que se cérebro o estava avisando de que ele corria perigo e precisava fugir.Fugir do que¿
Do vexame ,da vergonha social,enfim,dos traumas construídos nos bastidores da sua mente.
Quantas vezes os estímulos externos detonam o gatilho da memória que libera nossos monstros¿Há pessoas que não suportam uma crítica e ficam dominadas pela raiva.
Apesar de desanimado,A.L. não se deixou vencer.Todos os sonhadores são inimigos da rotina.Quando eles pensam em desistirde tudo,os sonhos surgem no teatro da mente e começam novamente a instiga-losAssim ocorreu com nosso jovem.Ele voltou-se novamente para o mundo dos negócios.
Desta vez apostou que ia dar certo.Tomou certas precauções .Estava mais aberto a experiências dos outros.Conversou mais,refletiu mais,fez uma pequena análise dos erros que deveria evitar e de quanto ganharia.Foi tomado por intensa euforia.
A emoção é bela e crédula ,bastam alguns respingos de esperança para que o humor se restabeleça e a garra retorne.Nunca devemos retirar a esperança de um ser humano,mesmo de um paciente portador de câncer em fase terminal ou de um paciente dependente químico por décadas.A esperança é o fôlego da vida, onutriente essencial da emoção.Como você alimenta a esperança¿
A.L. andava sorrindo,acreditava na vida.Então,depois de despender energia para organizar sua pequena empresa e trabalhar muito,veio o resultado.
FALIU NOVAMENTE.
Ele ficou profundamente abatido.Seu “eu” não governa seus pensamentos.Pensava muito e sem qualidade.Este é um grande problema.O excesso de pensamentos é o grande carrasco



Da qualidade de vida do ser humano(|Cury,2002).Ele conspira contra a tranquilidade ,rouba energia do córtex cerebral,gera uma fadiga descomunal,como se tivéssemos saído de uma guerra.Cuidado!Quem pensa muito se atormenta demais.
Os pensamentos derrotistas de A.L. não apenas alimentavam sua insegurançla,seu sentimento de incapacidade e ansiedade,como ainda pior,eram acumulados come entulhos no dilicado solo de sua memória .Os que não sabem cuidar desse solo não vêem dias felizes.Muitos detestam o lixo acumulado no território da sua emoção.
O fenômeno RAM registrou sua falência de maneira privilegiada.Por isso,A.L.não gostava de tocar no assunto,pois quando tocava,o gatilho da memória abria imediatamente as janelas que financiavam o humor triste.Muitas vezes não gostamos de tocar em nossas feridas.Elas não são sanadas,apenas escondidas.
Mas A.L. não as esconmdeu.Procurou superá-las resgatando sua vocação política.Candidatou-se novamente .Depois de muita labuta veio enfim a bonaça.Conseguiu ser eleito deputado.Parecia que os ventos mudavam.Sua emoção encontrou a primavera.

GOLPES INEVITÁVEIS


Mas a alegria de A.L. logo se dissipou no calor das suas perdas.No ano seguinte sofreu uma perda irreparável.Sua noiva morreu.Sua mãe havia morrido cedo,e agora nunca mais veria o rosto da mulher que amava.
A perda roubou-lhe não apenas a alegria,mas produziiu algumas janelas killer que quer dizer”assassino(a)”.
Janelas killer são zonas de conflito intensos cravados no inconsciente que bloqueiam o prazer e a inteligência.
Quando entramos nessas janelas reagimos como animais ,sem pensar.Elas são construídas através de perdas dramáticas,frustrações intensas,angústias indecifráveis que não são superadas.Qundo uma pessoa possui síndrome do pânico,ao entrar em sua janela killer,ela tem a sensação súbita de que vai morrer ou desmaiar,mesmo estando na plenitude da saúde.
Quando uma pessoa tem fobia de falar em público,ao entrar em sua janela killer,ela trava sua inteligência,não consegue encontrar os arquivos da sua memória que sustenta seu raciocínio ,não coordena suas idéias.
Quando um pai,mãe ou professor entra em uma janela killer,ele pode reagir agressivamente diante de um pequeno erro de seu filho ou aluno.Sua reação é desproporcional ao estílmulo externo,causando sérias conseqüências para sua personalidade.Uma ofensa pode marcar uma vida.
Quando crianças fazem birra e adolescentes entram em crise diante de um não,estão sob controle dessas janelas .Na minha opinião,como psiquiatra ou como pesquisador cientifico ,creio que todo ser humano desenvolve janelas que obstruem nossa lucidez nos focos de tensão:jovens,adultos,executivos,cientistas,iletrados.Uns mais,outros menos.
Todas as vezes que perdemos o controle de nossas reações somos vítimas dessas janelas,agimos por instinto e não como Homo sapiens.Sábio é quem tem coragem de identificar suas loucuras e procura superá-las.Não esconde sua irracionalidade,trata-a.
Muitos impulsivos ferem durante a vida toda seus íntimos porque nunca assumiram sua ansiedade.Somos ótimos para nos esconder.


Quando A.L . entrava nas janelas que aprisionavam sua inteligência ,ele produzia uma avalanche de idéias negativas que financiam sua angústia. Os espinhos cresceram no jardim do seu inconsciente e floriram no território da sua emoção.
O resultado¿ No ano seguinte teve uma crise depressiva.Alguns,por perdas menos,se deprimem por anos;outros enterram seus sonhos para sempre.A.L. estava deprimidos,mas se distinguia da maioria das pessoas.Sabia que tinha dois caminhos a seguir.Ou suas perdas o construíam ou o destruíam.Que escolha você faria¿ É fácil dizer que seria a primeira,mas freqüentemente escolhemos a segunda opção.As perdas nos destroem e nos abatem .A.L. treinou sua emoção e escolheu a primeira alternativas.Em vez de se colocar como vítima do mundo ,resgatou a liderança do “eu’.Saiu da própria miséria .Agradeceu a Deus pela vida e pelas perdas.Fez delas uma oportunidade para compreender as limitações da existência e crescer.
Ele não tinha conhecimento da psicologia moderna,dos complexos papéis da memória ,mas tinha ousadia para enfrentar seu cárcere interior .Todos nós construímos cárceres usando como grades invisíveis a cobrança excessiva ,a autopunição,o desespero.Muitos pensam que seu cárcere é um chefe insensato,um concurso competitivo, as doenças físicas,as crises financeiras.Mas nossos reais cárceres estão alojados na psique. Se formos livres por dentro ,nada nos aprisionará por fora.
A.L. não sabia que as janelas doentias do inconciente não podem ser deletadas ou apagadas.
Não tinha consciência de que elas só podem ser reeditadas através de novas experiências registradas no mesmo lócus onde se encontram.Tambem não tinha consciência de que podemos construir janelas paralelas discutindo nossos medos,enfrentando nossa insegurança,criticando nossa agressividade ou nossa timidez.Não sabia que as janelas paralelas poderiam se abrir ao mesmo tempo que as janelas killers,oxigenando a capacidade de pensar.Embora nãso tivesse conhecimento científico do funcionamento da mente,ele atuou intuitivamente dentro de si como se soubesse.Quando achava que a vida não tinha mais sentido,debatia essa postura derrfotista.Quando tinha um pensamento negativo,não se submetia a ele,como a maioria das pessoas.Criticava-o seriamente.Não era escravo dos pensamentos perturbadores.Você é escravo desses pensamentos¿Quantas pessoas excelentes não vivem essa escravidão¿ Atendi,certa vez,uma jovem profundamente triste.Ela estava atormentada por pensamentos contra Deus.Não conseguia interrompê-los.
Pedi para deixar de ser passiva,criticar tais pensamentos e não submeter sua emoção a eles.Libertou-se.Muitas pessoas se angustiam e até pensam em suicídio porque detestam seu corpo,pensam em acidentes,doenças,perdas de pessoas queridas,perda de emprego,acham que vão falhar nas provas.Precisamos sair da platéia,entrar no palco da nossa mente e nos tornarmos atores ou atrizes principais da nossa inteligência .Quem aprender essa lição entenderá um dos pilares deste livro.
A.L. construía uma fornalha íntima no seu inverno emocional.Exercitava seu “eu” diariamente para ser líder. Tornou-se um artesão da sua emoção.Tornou-se um amigo da vida e um amigo de Deus.

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